sexta-feira, 18 de novembro de 2011

O que nos silência?



O que nos silencia ante o horror? O que nos silencia diante da injustiça? O que nos amansa diante da violência? Perguntas mais que necessárias no Brasil que renasce feito uma Fênix.

O regime brutal que se instalou no Brasil de 1964 a 1985 torturou, estuprou, matou, destruiu e apagou a vida e a esperança de centenas de vida. Pessoas cujo único pecado era pensar diferente de quem detinha o poder.
Ontem a Presidenta Dilma Rousseff assinou a Lei da Comissão da Verdade, e esta Comissão já nasce sob uma mentira: os algozes não podem ser condenados, o STF cuidará desta questão.

Judicializar essa questão é no mínimo enganar a História (com H maiúsculo mesmo), senão traí-la. Nosso judiciário é por definição conservador, não julga aqueles que defendem o status quo. Porque iríamos crer que estes nobres magistrados submeterão ao julgo da história os atos de horror dos famigerados que defenestrarão a democracia em nome da “Segurança Nacional”?

Quando aqueles que estão no poder elegem como seus inimigos os filhos da nação, qual é a esperança que se pode ter? Nos porões da ditadura sofriam homens e mulheres que cometeram o crime de ver sua nação livre. Nestes porões morriam aqueles que optaram pela utopia, como podemos crer na traição da História?

Não cremos em primaveras, elas são efêmeras, não cremos também em escuridão, a luz virá nos redimir, mas para isso é preciso gritar, lutar, indignar-se.

De serve meu silêncio? Para acalentar meus medos? Não deveria eu acalentar os sonhos e rejeitar os pesadelos?

A Presidenta Dilma Rousseff, mulher e ex-prisioneira política tem uma dívida com a História, deve ela abrir a caixa de Pandora, soltar os demônios e pô-los sob o julgo da História e deixar lá, no fundo desta Caixa, apenas a esperança, pois não resta mais nada, além disso, a aqueles que viram sua família ser destruída, seus sonhos encancerados e o futuro perdido em algum porão, numa vala imunda ou no mar revolto.
Prof. Mestre Hélio Moreira da Costa Júnior da Universidade Federal do Acre (UFAC) e doutorando em História Social pela USP.

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